Cavalinho manco

By Marlise Vidon - 3/24/2023 09:58:00 AM

    A competição começou com vários tipos de cavalos: os exuberantes, os robustos, os médios e o cavalinho manco - aquele meia-boca que ninguém sabe bem como chegou à competição. O exuberante é de longe o favorito.

   Dada a largada, exuberante assumiu a liderança seguido pelos outros, exceto o cavalinho manco que a essa altura nem saiu do estábulo. 

   Exuberante dá um show, pousa para fotos, anima a plateia. Seguiu firme no primeiro lugar. Inesperadamente, exuberante tropeçou na própria cauda que de tão bela e longa, se enroscou nas suas pernas. Todos ficaram surpresos com a queda do exuberante.

   O robusto, com seu pelo brilhante, assumiu a liderança. Sua musculatura encantou as éguas, mas o cavalo médio o ultrapassou. O esforçado cavalo médio estudou a pista, planejou a rota e conseguiu ultrapassar o robusto, que desistiu da competição e foi pastar com as éguas.

   O cavalinho manco seguiu na última posição, junto aos sonhos perdidos no tempo. Caminhou sem se preocupar com a vitória, só desfrutando o percurso lentamente, pacientemente.

   O cavalo médio quase cruzou a linha de chegada, mas por algum motivo lhe faltou coragem de prosseguir. Ele não confiou em seus extintos. Foi diminuindo os passos até mudar o curso. Preferiu não se arriscar, ganhar, para depois perder. Se acovardou.

   Quase sem ninguém na plateia para assistir, apontou o cavalinho manco. Aquele que soube vencer o tempo, as ilusões e decepções. Simplesmente seguiu olhando a paisagem, aproveitando a jornada. Aceitou a vitória e comemorou, porque no fundo sempre soube que conseguiria.

   Seus passos antes mancos, agora são firmes e certeiros.



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