Meu inferno astral

By Marlise Vidon - 5/25/2023 10:18:00 AM

Em vésperas de fazer aniversário, comecei com uma dor forte de um lado do rosto, somada a vários outros problemas. Dizem que o inferno astral antecede o aniversário. Não sei de detalhes, me ligo pouco a esse tipo de coisa.

Mas os problemas continuaram. Carro fez barulho e o conserto que era para ser rápido e barato, virou defeito no câmbio - pelo menos 1 mês de oficina. O carro reserva que peguei também parou, furou pneu. Troquei pelo estepe, que não serviu. Tinha um tal de parafuso que não encaixava no lugar. Lá foi o carro reserva para oficina e eu a pé, tendo que me deslocar de uma cidade a outra para trabalhar.

Minha filha, para completar, terminou o namoro. Acho que sofri tanto quanto ela. E a dor na hemiface só aumentando, de forma semelhante ao número de anti-inflamatórios que eu precisava tomar para obter alívio.

Sem carro, com dor na metade do rosto e de coração partido (eu e minha filha), fui me aproximando do dia do niver. Já com meus amigos confirmados para cervejinha, resolvi iniciar antibiótico. Provavelmente era sinusite.

Então vieram as vertigens, náusea e insônia. Seria algo neurológico? A dor continuava forte e o carro na oficina, agora com a notícia de que o conserto sairia bem caro. Mas vida que segue.

Não parecia só uma sinusite, fui ficando preocupada. Bingo: neuralgia do trigêmeo. Como não pensei nisso antes? A dor seguia o trajeto do nervo. Parei o antibiótico e náusea/vertigem/insônia acabaram. Com certeza eram efeitos colaterais do antibiótico.

Niver chegou, revi amigos queridos, tomei minha cervejinha. A dor estava bem leve e minha filha mais animada. O carro em breve ficaria pronto.

No dia seguinte ao do aniversário, acordei com a metade do rosto vermelha e inchada. Comecei a me preocupar com uma celulite facial. Fui agendar ressonância de crânio, com mil diagnósticos em mente. Como o dente estava sensível, perguntei ao meu dentista se era prudente avaliar.

E com carro estragado, hemiface edemaciada e novo antibiótico, fui ao dentista. Mais velha e feliz por ter passado o prazo do tal inferno astral – parece que termina no dia do aniversário. À essa altura já estava começando a acreditar.

Meu dentista heroicamente fechou o diagnóstico. Não era enxaqueca, nem sinusite, nem neuralgia do trigêmeo, nem celulite de face, muito menos urucubaca. Desde o início, era canal.

Enfim, fui toda feliz tratar do meu canal.




 

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