Existe mesmo alma-gêmea ou é mera suposição?

É o sonho dos poetas, sonho de qualquer um, envelhecer ao lado de quem se ama.

Tudo começa com um flerte, que pode evoluir para paixão. Depende claro, de projeções e afinidades. Se acontecer lá se vão os dois, certos de terem encontrado seu outro lado, a "cara metade".

Se bate pele, sonhos, valores, parece perfeito. Para toda eternidade.

Alguns meses se passam e ainda assim é especial, de outras vidas, outros mundos.

Primeiro ano, nem tudo está bem. As diferenças antes inexistentes, aparecem. Começam as brigas, uma mistura de paixão e conflito, términos e recomeços, cheios de emoção. O casal já se conhece, as famílias também. Hora de ceder pelo outro, conversar, saber se de fato aquele ali combina com você.

Pronto, dois anos, final do período probatório. A paixão já suavizada pode dar lugar ao amor. Ou simplesmente o outro pode não ser aquilo que se pensou. As brigas se tornam frequentes, um querendo moldar o outro à seu jeito. No fundo já se sabe que não dá para prosseguir. Não há sintonia, o dia a dia não funciona, mesmo que o sexo seja bom. Quem é esse aí? Onde está aquele que me encantou?

O casal que antes era perfeito, ou se desfaz, ou aceita o outro como é. Se reescreve. Mas pode ser o fim e todo fim, vem permeado de dor e tristeza. A paixão, explosão dos sentidos, se foi. Com ela a ilusão de alguém feito sob medida, a alma-gêmea. A solidão, antiga companheira, vem de novo ao encontro. E não vem só. Traz junto sonhos desfeitos e a possibilidade de um recomeço.

Há alma-gêmea? 

Uns dizem haver. Outros dizem: "Eu te amo até acabar; aí amarei outra pessoa". Se existir a tal "cara metade", está bem longe da paixão. Habita o mundo real. Aquele do companheirismo com uma pitada de tesão.