Meg e Max
Meg chegou no céu dos bichinhos
e olhou para trás, procurando por sua dona. Sem achá-la, se deu conta de que
ela tinha ficado na Terra. Teve receio de que não estivesse bem, precisava
reencontrá-la.
Resolveu olhar ao redor e viu um cãozinho másculo vindo em sua direção.
Putz, era o Max, seu amor da Terra. Max não foi legal com ela. A esnobava,
ignorava, sumia com outras cadelinhas, mas mesmo assim, era dele seu coração. E
agora, se faria de desentendida ou iria até ele?
Meg resolveu explorar aquele lugar incrível sem o Max. Não sentia mais
dores, conseguia correr e pular, como na juventude. Viu à frente uma grama
verdinha e brilhante, com flores rosas, borboletas azuis e canarinhos. A grama
virou nuvem e Meg deslizou até chegar numa colina cheia de coelhos. Não sentia
vontade de morder os coelhos e sim pular com eles, brincar. Foram juntos até
um lago. Meg nadou, saltou com os coelhinhos e se esbaldou, até que avistou uma
porta.
Colocou o focinho na greta da porta e viu sua dona chorando, triste. Meg
se sentou ao lado dela, tentou latir, mas não saiu nada. Queria contar para a
dona como era incrível o lugar que estava, que não era para ela chorar. Queria
muito falar que Max também estava lá, mas seu latido ficou mudo. Dormiu ao lado
da dona até que na manhã seguinte a achou melhor. Aliviada, voltou para o céu
dos bichinhos, e lá avistou alguém conhecido. Era a tia, irmã da dona. Ela
chegou e fez um afago em Meg, como quando moravam na Terra. Não é que ela
também passeava por ali...
Meg já era popular no céu. Max às vezes se aproximava, mas Meg continuou deixando o tempo – que mais parecia atemporal, passar. Várias vezes visitou a dona, que agora estava bem.
Certo dia, Max, cheio de coragem e sem orgulho – algo que para Meg era
encantador, foi até ela e pediu perdão. Meg então perguntou:
- Max, porque fica assim
atrás de mim, me cercando, se não me amou quando podia?
Com os olhos abaixados, úmidos e sinceros, Max respondeu:
- Porque tive medo de
tentar. Deixei o destino nos juntar, mas esqueci de dizer que queria você.
- Mas Max, você é mesmo
besta! Poderíamos ter curtido a vida por lá.
- Meg, toda hora que
a gente se aproximava, algo nos separava. E você sabe que as outras cadelinhas
se atiravam em mim. Mas você também não disse, com todas os latidos, que queria
ficar comigo.
- Poxa, Max, se não
me sinto segura numa situação, fujo. Ver você com outras, principalmente aquela
poodle pela qual se apaixonou, me fez desistir. Você dizia que ela era seu
amor. Não entendo, o que faz aqui, perto de mim?
- Meg, meus sentidos
me enganaram. Me apaixonei e esqueci de enxergar o principal, a essência. Ela
me largou e hoje também está aqui, com um pastor alemão. Sei que ela não era
meu amor. Você é.
- Quer saber, deixa pra lá.
Vamos fazer aqui o que não fizemos lá... nos divertir.
Saíram meio sem jeito, até que perderam o medo de tentar. Quem olhasse
de longe veria dois cachorrinhos correndo por entre as nuvens, felizes.
De soslaio, Meg olhou para a porta que a ligava à dona. Entrou. Ela
estava plantando umas flores coloridas. Foi quando a dona olhou para baixo,
onde havia guardado Meg, no jardim de sua casa e disse:
- Meg, quando eu chegar aí você
vem correndo até mim? Vai me esperar?
Meg viu que a tia se aproximou e juntas responderam à
dona:
- Olha, nós só viemos antes. O
amor não se perde, se transforma. Estaremos aqui quando você chegar.
A dona plantou os beijinhos e sorriu. Parecia ter ouvido.
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