Ciclos

By Marlise Vidon - 1/02/2025 02:58:00 AM

Há que haver términos 

para recomeços

Ou tudo permanece em círculo

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5 comentários

  1. Encerrar ciclos é como ver o amor escorregar entre os dedos, com o peito aberto diante do infinito, cicatrizes expostas e o coração pulsando em um ritmo desesperado. É um ato de coragem pura, uma entrega ao que somos e ao que tememos ser. Cada tropeço, cada dor, transformados em versos de uma poesia sombria e intensa, moldam nossa alma com uma beleza rude, reveladora e quiçá devastadora.

    Recomeçar é segurar com mãos trêmulas o peso do que fomos, de nossos erros e sonhos desfeitos. É olhar para o passado com a tristeza suave de quem acaricia uma ferida que ainda arde, mas guarda a memória do impacto. Não se trata de esquecer, mas de integrar – acolher cada erro e acerto como mestres que nos ensinaram sobre o amor que cura e a dor que nos lapida.

    As escolhas que fazemos hoje costuram a trama da vida, mas algumas cicatrizes não se fecham tão facilmente. Ao abandonar uma parte de si em outro, algo em nós também se perde. Olhar para trás com olhos marejados de ternura é uma declaração de força: reconhecer nossas vulnerabilidades, nossos fracassos e, mesmo assim, seguir em frente. Encontrar na dificuldade a semente da superação, na diferença a riqueza da transformação, e nos próprios limites a promessa de que podemos ser mais.

    Reescrever novas páginas é um pacto visceral com o desconhecido, uma celebração do que ainda podemos ser. É abraçar a incerteza e permitir que o medo caminhe ao nosso lado, não como inimigo, mas como um lembrete de que estamos vivos. Encontramos poesia nas rachaduras, beleza nos abismos e significado nas trilhas tortuosas. Talvez o amor que um dia escapou entre os dedos ainda encontre morada no infinito das possibilidades que o recomeço traz.

    Transformar o que parecia perdido em aprendizado e o que era obstáculo em oportunidade não é um ato de perfeição, mas de humanidade. É aceitar que haverá mais erros, que novos tropeços virão, e que isso faz parte da dança. É uma dança sem coreografia certa, mas cheia de paixão, onde cada passo, por mais desajeitado que seja, é uma vitória ante a estagnação.

    E assim seguimos, tecendo com mãos frágeis, mas determinadas, um caminho de autenticidade. Um caminho que não foge da dor, mas a transforma. Que não evita os erros, mas os acolhe. Que não promete finais felizes e perfeitos, mas um oceano de probabilidades, onde cada alternativa é uma nova chance, e o amor se reinventa continuamente. Porque viver é isso: ser visceralmente humano, falhar, acertar, sonhar, cair e levantar – sempre com a certeza de que há algo maior esperando, além de nós mesmos. Algo que nos lembra que o amor, assim como nós, “só é lapidado na delicadeza”.

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  2. Respostas
    1. Eu que agradeço a você pelos lindos e cativantes contos, crônicas e poesias que compartilha. Sua obra é uma fonte inspiração e deleite. 🙇‍♂️ 🌸 😊

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    2. Fico feliz com os elogios e tal, obrigada pela gentileza.
      Nunca vi o Blog como minha "obra" ahah, são só reflexões que deixei de escrever no formato "diário" e soltei por aqui.
      PS.: Adorei ser citada

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